Poemas Inspiradores

22-06-2021

José Saro é professor. 

            


Selecionado da obra As Frias Madrugadas, de Fernando Namora, mão amiga permitiu a reflexão sobre a beleza e o ensejo do choro. A (in)felicidade é, por excelência e ao contrário do que nos "vendem", um superior estádio de aprendizagem. Substâncias como a noradrenalina e a serotonina, impelidas pelo sistema nervoso, pressionam a glândula lacrimal e: eis que surge a lágrima. São mais lentas as lágrimas humanas, a viscosidade incita a empatia.

O choro é somente maquinal ou completamente emocional? Ambos.

Um olhar atento à realidade circundante deve fazer-nos chorar para (re)agir.

As representações e os estádios emocionais fazem-nos chorar. O choro, que não é carpir nem berrar, liberta e inspira a compaixão. Através do choro libertamos as angústias e inspiramos a positividade da vida. Chorar aproxima, liberta e renova. Claro que vale a pena chorar porque, após a feminina ou masculina lágrima, sentimos o universo do Sérgio Godinho «Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida». A vida é para se viver!

Chorar para quê,

se as lágrimas rolariam discordantes?

Para quê agitar braços de navios destroçados

e ouvir o ranger dos mastros quebrados

ou ficar no cais, no ermo da partida,

se a madrugada é uma bandeira garrida?

Ontem - é a cidade perdida,

todo o mundo o sabe.

Hoje - é a ponte para amanhã,

todo o mundo o diz.

Ai a vida não é o carpir horas mortas,

o caruncho na madeira apodrecida,

as pegadas que ficaram para trás.

Vida é alento, a conquista

do império jamais alcançado.

E não o cobarde lamento

pelas cinzas

das árvores, dos pássaros, das flores,

Do navio que foi ao mar ...

e lá ficou. 

RIALIDADE - jornal
Todos os direitos reservados 2021
Desenvolvido por Webnode
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora